domingo, 16 de agosto de 2009

Mais Estoicismo Menos Prozac

Mas, de que maneira o estoicismo pode substituir um antidepressivo? Bem, o aspecto mais importante do estoicismo é que a razão, dentro da sua lógica, pode facilitar o modo de viver de qualquer pessoa. Razão, segundo os dicionários, é o raciocínio, a faculdade pela qual o homem pode analizar, compreender e julgar. A faculdade intelectual, então, deve normatizar o descernimento, a aplicação do bom senso, sabedoria. Direito, dever e equidade. O expoente máximo do processo que substitui o Prozac pelo estoicismo é o pensamento, poi este emana do intelecto, da razão ou da consciência, que a revelia do nome que lhe é dado é a faculdade que distingue o ser humano do animal. Já o filosofo grego Aristóteles - 384-322 a.C. - fundador da lógica formal, dizia: Através da razão podemos adquirir conhecimentos aplicando os silogismos, em outras palavras, aqueles raciocínios entrelaçados que partindo de duas ou mais premissas nos levam a uma única conclusão.
Claro está, então, que se o homem não estiver demente, isto é, se estiver de plena posse de suas faculdades mentais, possui o bom senso e a sabedoria adequada para conhecer, analisar, julgar e compreender todas as ocorrências que permeiam sua vida ainda que estas não lhe sejam favoráveis. Distinguindo, claro, as que resultam de suas atitudes, portanto de sua inteira e exclusiva responsabilidade, das que são provocadas por fenômenos, interesses ou fatores que estão além da sua capacidade de controle. Estas, o ser humano deve se esforçar para conseguir prever e administrar, se não quiser ser esmagado por elas.
Exemplo:
Um jovem casal fazia mais de seis meses que, mesmo permanecendo sob o mesmo teto, não se olhava, falava e muito menos partilhava a cama. Haviam chegado a um entendimento e este acordava que aguardariam a venda dos poucos bens que possuíam para em seguída se separarem. A raiz da desestabilização surgiu quando o marido, por ter sido demitido sem conseguir no curto prazo outra colocação, ficara impossibilitado de continuar pagando o apartamento que haviam adquirido, e moravam, além de descobrir que lhe era impossível aceitar ser sustentado pela esposa. Claro, faltou sabedoria e bom senso para entender que quando as contrariedades surgem, ou são gerenciadas para minimizar os transtornos que provocam, ou se sucumbe sob seu peso.
Desse modo, não por não ter sabido lidar racionalmente com o evento - visto que hoje perder o emprego é corriqueiro, e com seus efeitos colaterais, acabou se refugiando no álcool, provocando, desse modo, ulteriores constrangimentos.
A esposa, uma professora, para fazer frente à situação, de imediato assumira em diferentes escolas uma carga horária que exigia, entre deslocamentos e aulas, que levantasse as cinco da manhã para só retornar ao lar por volta das 21:00 horas. Esforço que levara o marido de inicio, no sentido de colaborar, a assumir a cozinha para que a esposa, ao retornar, encontrasse o jantar pronto. Nessa oportunidade, ao longo do diálogo que se desenvolvia, tornara-se praxe um perguntar ao outro como havia sido o dia, só que, em algum tempo, quando chegava a vez do seu relato, passou a se sentir cada vez mais desconfortável ao entender que a esposa passava a pressioná-lo no sentido de se esforçar mais para encontrar um novo trabalho.
Com o passar das semanas, cada vez mais ansioso por falta de oportunidades, sem comentar nada com a mulher, passou a achar que talvez sua bagagem de experiências em RH não fosse suficiente diante do número de candidatos que como ele procurava uma colocação na área. Então começou a fraquejar, e para fazer frente a isso, procurou o álcool pora fortalecé-lo. Claro, sem se dar conta disso, caiu da panela para o brazeiro, pois os odores etílicos que levava consigo faziam com que os entrevistadores o descartassem de imediato.
Diante do insucessos do marido, a esposa, entendendo que a bebida era a causa, passou a cobrá-lo cada vez mais asperamente o que o levou, ficando cada vez mais irritado a esmurrar a mesa e sair para se dirigir ao bar da esquina cada vez que a esposa o argüia a respeito. Teve inicio assim o cenário em que o pano de fundo, em pouco tempo, passou a ser o divórcio. Este, poderia até ser considerado natural nos dias que correm, pois as estatísticas do IBGE dão conta que no Brasil, nos últimos anos, estes cresceram 40%. Contudo, como nosso objetivo é investigar as causas que levaram o casal a esta situação, vamos a elas.
Costumamos dizer que os casais, diariamente, não devem ir para a cama sem antes "fechar o caixa". Quer dizer, sem acertar antes as "divergências" que de continuo brotam no dia-a-dia. Sim, porque se até para fechar um caixa é necessário repor R$.0,50, se estiverem faltando, similarmente, até as pequenas "divergências" que são geradas no dia-a-dia pelo modo de agir, pensar, fazer e dizer de ambas as partes, se não forem acertadas, antes ou depois a somatória delas comumente se transforma em uma barreira insuperável.
Repetimos que é indispensável "fechar o caixa" antes de ir para a cama, porque se o acerto não for feito, nela, as "divergências" tendem a se perpetuar, e continuando, a cama, ao invés de ser preservada como "território neutro", onde o casal, aconchegando-se um ao outro, se refaz de seus desgastes, torna-se um anexo da arena de confrontações. Confrontos que exacerbam o rancor, e, ferindo o amor próprio, o orgulho etc., contribuem para que em algum tempo as partes não mais se acertem. Não havendo perdão, na seqüência há ininterrupta geração de rancores, amargura, mal-estar, insónia e mágua, sentimentos que, desestabilizando, fazem com que os conjuges passem a dormir de costas um para o outro, esquecendo que, por serem fruto da natureza, estão sujeitos as suas leis, quer dizer, são dependentes do sexo.
Há outras leis, porém, e entre elas, há aquela que enquanto desperta desejo sexual no marido quando este, tentando acertar divergências, debate os assuntos pertinentes com a mulher, nela, promove a rejeição. Logo, quando no decorrer de um "arrazoado" ele, tentando encerrá-lo, estende os braços para puxá-la a sí, ela se esquiva, e, se houver insistência, sai da cama e vai dormir no sofá da sala.
Esta ocorrência, no entender varonil, corresponde a uma injúria que fere seu orgulho másculo. Desse modo a contrapartida é sempre a decisão, mesmo se precipitada, de não mais procurá-la ou até rejeitá-la se ela tomar esta iniciativa. Só que, no foco dela, as coisas não são bem assim. Ajuizando que foi desrespeitada, visto que, no seu entender, o marido tentara possuí-la só para encerrar a questão, isto é, sem reconhecer que em tudo não só há direitos, mas também obrigações, pensa: "vai ter que aprender a me respeitar, sim, meu amigo. Vai ver, vou continuar dormindo na sala até que você entenda que vai ter que me respeitar, e para isso, têm que me pedir perdão.
Quando este desajuste acontece pela primeira vez, dias mais dias menos, por serem ambos filhos da natureza, isto é, ainda padecendo daquilo que o homem convencionou chamar paixão, a harmonia é prontamente reestabelecida porque, após se olharem nos olhos, mesmo sem querer, acabam caíndo um nos braços um do outro.
O dia-a-dia, entretanto, é sempre cheio de ocorrências, e estas, nem sempre atendem nossas expectativas. Chegou assim, para os conjuges, uma pílula amarga. O apartamento onde residiam, por ter sido adquirido com financiamento da construtora, estava ameaçado, pois ela se negara, a pedido do marido após perder o emprego, a renegociar as prestações atrazadas. Em vista disso, ele, até que pensou em não discutir o caso naquela noite durante o jantar, mas, considerando a seriedade do assunto, teve que fazé-lo. Resultado, após um bate-boca exacerbado, porque as partes, ao invéz de procurar auxílio no bom senso e racionalidade, preferiram se agredir mutuamente, veio o inevitável: "Só faltava essa, por não ter onde morar, ter que voltar a habitar com teus pais. A culpa é tua, passaram-se meses e, ao invés de procurar emprego, fica bebendo no bar. Eu me desdobro, faço mais do que minha parte, e você? Você sabe que não aguento tua mãe. Lembra quando dizia: filha, quando passa roupa, presta atenção. Meu filho não está acostumado a usar camisas tão mal passadas. Ou então: querida, quando você prepara o café seja mais atenciosa, sabe que não gosto dele muito forte. Meu filho também não, pois está acostumado com o meu." E para encerrar o assunto, antes de sair da cama para retornar a dormir na sala, vozeirou: "quer saber, para lá eu não volto, não. Vai você. Não tem mais jeito mesmo. Para mim, chega! Amanhã volto para a casa dos meus meus pais".
No dia seguinte, refletindo a respeito do que fazer enquanto se dirigia ao ponto de ónibus, pois, se voltasse para a casa dos pais, tinha que das satisfações, descuidou-se e foi atropelada. Não gravemente, mas o suficiente para ter que ser levada ao hospital. Concluídos os exames, constatou-se uma luxação, e para curá-la, o médico lhe receitou, além da medicação, cinco dias de repouso. Repouso, longe disso, porque o atrito entre os dois, provocado por intermináveis discussões a respeito do que devia ser feito se perdessem o apartamento, a estressaram de vez. Discussões? Pior do que isso, pois, ao invés de analizarem serenamente as ações que poderiam ser impetradas, se realmente viesse a ter uma ação de reintegração de posse, através do raciocínio, a faculdade intelectual que permite ao homem, após conhecer os detalhes envolvidos, julgar e decidir com bom senso e sabedoria, gastavam horas injuriando um ao outro.
Foi assim que, por não haver inversão no processo que os afastava, enquanto o esposo passou a beber cada vez mais, ela, além passar a ser consumidora de Prozac, o antidepressivo receitado pelo médico, elegeu de vez sua cama o sofá da sala.
Foi nessa etapa que o ultimato da construtora foi entregue: ou eram quitadas as mensalidades em atrazo, ou haveria uma ação para reaver o imóvel. A opção foi recorrer a pai, que ao tomar ciência da ameaça da construtora, disse: encontre-se comigo em uma hora diante da agencia que mantenho a c/c que te adianto o numerário para efetuar o pagamento. Devia ter me dito isso antes, filho, não. Por que deixou as coisas chegarem a este ponto?
E ai deu-se um golpe de sorte! Enquanto esperava o pai diante da agência, resolveu adquirir na casa lotérica ao lado duas raspadinhas. Ao raspar a segunda tremeu de emoção porque nê-la três valores se repetiam. Sim, ganhara o prémio máximo, R$. 5.000,00. Dava para pagar o atrazado e ainda garantir algumas mensalidades vincendas. Exultante, após relatar o caso ao pai, voltou para casa. Porém, ao invéz de ligar para a mulher e lhe relatar a ocorrência, pois, como á tempo não se falavam, receiava que, vendo que era ele, não o atendesse, preferiu aguardar seu retorno. Todavia, justo naquela noite, ela, com uma desculpa qualquer, decidira pousar na casa dos pais com a finalidade de os preparar para a noticia que lhe desejava dar. Planejara criar o clima adequado para os informar que decidira se separar.
O marido, vendo que a hora que ela costumava chegar, passara, preocupado - pois já fora atropelada, tentou encontrar uma razão que justificasse o atrazo. Não conseguindo, decidiu aguardar mais algum tempo e depois ligar para a casa dos pais dela. Conhecendo-a como a conhecia, concluira que só podia ter ido para a casa deles, desde que não houvesse ocorrido outro acidente.
Coincidência? Quem atendeu o telefone foi ela mesma e, como jamais esperara que ele a procurasse, pois ultimamente chegava em casa bebado altas horas da madrugada, teve uma reação que permitiu que seus genitores percebessem que algo não estava bem. Irada, despedindo-se sem nada explicar, chamou um taxi e deu o endereço de casa. E ao longo do trajeto, furiosa, só aprimorou uma ideia: a de chegar e brigar pra valer pois ele a havia impedido de executar seus planos.
De fato, depois que voltara a lecionar, a ideia de se separar ganhara cada dia mais consistência, mesmo porque, céga pelo seu orgulho, não queria admitir para si mesma que era co-responsável pelo momento que estavam vivendo. Foi assim que, após abrir a porta, de imediato despejou toda sua agressividade verbal no marido impedindo-o de levar adiante seu plano. Não somente se preparara para recebe-la com rosas vermelhas e lhe comunicar o prémio de R$. 5.000,0 ganho com a raspadinha, mas, devido ao tempo que se passara desde a última vez que haviam feito sexo, planejara possuí-la. Resultado: depois de um grave enfrentamento, a mulher, entendendo que naquela noite não poderia retornar a casa dos pais - porque ao sair se negara a lhe explicar o que estava acontecendo, permaneceu no apartamento, mas, para evitar qualquer contato, se trancou no banheiro e ai permaneceu até que percebeu que o marido fora pra cama. Como fizera até então, continuou dormindo na sala. Isso ensejou que semanas após, o marido, ao chegar em casa bebado, tentasse estuprá-la. Após a luta que se seguiu, diante dos hematomas que cada um ostentava, so restava uma alternativa. A de se separarem logo que fosse possível. Pois é, considerando que o casamento ajuizava comunhão de bens, era imprescindível vender o carro e apartamento afim de que ambos tivessem meios financeiros, mesmo se parcos, para reiniciarem suas vidas.
Mas, como compreender as causas que levam um casal a um impasse como este e quais as metodologias para a reconciliação? A maioria das pessoas busca a medicina e, se bate inicialmente na porta da psiquiatria, acaba batendo também na da psicologia ou vice versa. Desse modo, enquanto a primeira comumente receita o Prozac para a mulher, visto que é a que toma a iniciativa de buscar este tipo de ajuda, quando devido aos traumas consequentes passa a sofrer de insónia, tremores, irritação, mal-estares etc., a segunda, no seu receituário, indica seções de terapia para, lentamente, enveredar por caminhos que vão desde o fato histórico de que o homem, por ter sempre sido o supridor, lhe é dificíl aceitar a divisão desta tarefa com a mulher, sem impor, consciente ou inconscientemente, certas sansões, até justificar a repulsa da mulher, orgulhosa de sua emancipação, diante de certas posturas do marido. Desse modo, após caixas e caixas de antidepressivos e dezenas e dezenas de seções terapêuticas, a ciência médica, se de novo procurada - porque dificilmente consegue aquentar corações enregelados, vai continuar indefinitivamente plagiando a si mesma, quer dizer, mais antidepressivos-eventualmente aumentando a dosagem, e mais e mais seções de terapia.
Há casos em que estes tratamentos, após se alongarem por anos e anos, são abandonados pelos pacientes ao perceberem, finalmente, que além de permanecerem como dantes, quer dizer, sem motivação, desprovidos de desempenho, angustiados, geniosos, cínicos, vingativos, sempre prestes a explodir, além de sofrerem de insônia, enxaquecas, dores várias, erupções cutáneas de tipo alérgico, desespero, respiração ofegante, ataques de ansiedade, impossibilidade de concentração, perda do bom humor, de apetite incluíndo o sexual ou voracidade incontrolável, estão se tornando dependentes das drogas que consomem.
É assim que, mesmo se a Cartilha Cartesiana alega que o homem não possui extrutura psíquica, porque o paradígma que a rege diz que só há a física e a biológica, ela existe sim, e é nela, com a participação das ondas mentais malignas oriundas de seres empenhados à crueldade, que os seres humanos, quando ao invéz de gerenciar as ocorrências que os contrariam, se deixam governar por elas, criam em si mesmos aquele estados traumáticos-depressivos que antes ou depois, fatalmente, eclodem em seu corpo físico como doenças patológicas.
Retornando ao casal citado, ao se olharem, após terem sido despídos dos fluidos mentais enfermiços gerados pelas próprias agressões, porque a alma, acumulando em si mesma as forças autogeradas nos processos de profundo desequilíbrio, exterioriza ondas mentais desajustadas e destrutivas, além afastar deles as entidades que lhes acresciam forças do mesmo teor, os fatores que geravam os constantes conflitos, surpresos, ao perceberem que continuavam amando um ao outro, permaneceram junto. Reencontrada a harmonia, o ingrediente que ajudou o marido a deixar a bebida, logo encontrou nova colocação.
Está claro, agora, que por detrás de quaisquer "anomalia" há sempre a ação, causada por centenas de motivações diferentes, daqueles que, mesmo se muitos lhe percebem a presença, isto é "vêem vultos, ouvem suas vozes ou ainda interpretam o que desejam", ninguém menciona porque a medicina entende que quem tem estas percepções sofre de esquizofrenia, isto é, de uma desordem cerebral crônica.
Nestes casos a sintomologia é a seguinte: crises de choro ou riso convulsivo, expressão facial enfermiça, pánico, insónia ou sono contínuo, cansaço anormal, auxência de iniciativa, suores, amargura, irritação, crises existênciais, olhos fundos, olheiras e vez ou outra pensamentos ou tentativas de suicídas.